Carros, motos e caminhões com mais de 15 anos são apontados como vilões
Levantamento apresentado na semana passada na Câmara de Vereadores de São Paulo aponta que 33,8% dos veículos (um em cada três) são responsáveis por 80,2% da poluição produzida por carros, motos e caminhões no Brasil. Os dados se baseiam em pesquisa da Anfavea (Associação Nacional Fabricantes de Veículos Automotores), Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) e Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Segundo Henry Joseph Júnior, presidente da comissão de energia e meio ambiente da Anfavea, os culpados pela poluição são os veículos com mais de 15 anos, que possuem tecnologia de queima de combustível obsoleta. Cerca de 10% da frota brasileira tem entre 15 e 20 anos e 23,9% possui mais de 20 anos.
Para Joseph, é inviável introduzir uma tecnologia nova que limpasse a emissão dos carros antigos. No outro extremo, veículos com menos de cinco anos são 27,3% da frota, mas poluem apenas 3,8% do total.
Durante o seminário "Saúde e Mobilidade na Cidade de São Paulo", organizado pela ONG Movimento Nossa São Paulo, Joseph disse que carros com 80 mil km rodados, fabricados em 1985, poluem em média 43 vezes mais que um modelo de 2008 com o mesmo uso.
A Fenabrave estimava em 2008 que a frota brasileira contava com 39,9 milhões de veículos.
O médico patologista, professor titular da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica dessa faculdade, Paulo Saldiva, concorda que os veículos antigos emitem muito mais que os novos. Mais da metade da poluição urbana vem dos veículos - de 60% a 70%, em média, segundo o especialista.
– É complicado de mensurar a poluição da gasolina e do álcool porque eles não deixam uma 'assinatura' clara no ar.
Só o diesel, que deixa micropartículas características, responde por 40% da poluição das cidades brasileiras, de acordo com Saldiva.
Para o professor, tal situação pode ser revertida, se o governo direcionar incentivos fiscais para modelos de veículos menos poluentes e incentivar o uso do transporte coletivo.
Para Joseph, o governo pode seguir por dois caminhos:
– O governo pode priorizar a isenção de impostos para uma questão ambiental ou seguir por uma política paternalista de respeitar as pessoas que não tem poder aquisitivo.Informações do R7.
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