O Brasil precisa investir mais na produção de biocombustível, apesar de ser o principal destino dos investimentos em produtos renováveis, para atender a futura demanda, disseram analistas da F.O.Licht e representantes da indústria na terça-feira.
O Brasil atraiu cerca de um quarto dos 5,6 bilhões de dólares investidos em todo o mundo em usinas para a produção de biocombustível em 2010, ou 1,76 bilhão de dólares. Os projetos de biocombustíveis nos Estados Unidos e União Europeia atraíram 1,13 bilhão de dólares e 893 milhões de dólares, respectivamente.
Mas os investimentos no Brasil ainda devem ficar atrás da curva de demanda, a qual se espera que tenha forte movimento de alta até o fim da década.
"Os investimentos (no Brasil) ainda estão sofrendo com o efeito da crise financeira de 2008", disse Christoph Berg, diretor-gerente da F.O. Licht, durante conferência da consultoria realizado nesta semana em São Paulo.
"Sinais de que o mercado global poderia estimular novos investimentos provavelmente mais para o fim deste ano, mas certamente para o próximo ... O mundo precisará das exportações de etanol", disse ele durante a sétima conferência da F.O. Licht sobre Açúcar e Etanol.
Os números da consultoria sobre investimentos incluem gastos em biodiesel, assim como na produção avançada de biocombustíveis.
O Brasil também viu a maior parte da atividade em termos de aquisições entre os produtores de etanol, com cerca de 3,5 bilhões de dólares dos 4,5 bilhões de dólares em transações.
O número de fusões e aquisições cresceu substancialmente no setor de etanol no Brasil depois do pior período da crise financeira global entre o final de 2008 e 2009.
Ecoando o alerta da Licht, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) disse que os investimentos na produção de etanol vão ficar fortemente abaixo da demanda por biocombustíveis no país, que tem visto crescer seu mercado de carros flex.
O presidente da Unica, Marcos Jank, disse que a safra brasileira de cana-de-açúcar, que deve ser de 632 milhões de toneladas em 2011/12, poderá ficar abaixo das 775,6 milhões de toneladas necessárias para atender a demanda para açúcar e etanol daquela safra.
"A produção de cana tem que aumentar", disse Jank no intervalo do seminário.
A indústria de etanol diz que um dos inibidores da rápida expansão é a política do governo de manter os preços da gasolina estáveis, independentemente dos preços globais do petróleo, o que efetivamente define um limite máximo de concorrência para os preços de etanol na bomba.
O preço do etanol precisa ficar no máximo em 70 por cento do custo da gasolina para ser competitivo.
"Não é apenas o fato de o governo fixar o preço da gasolina. Há uma série de impostos distorcidos que precisam ser reformulados", acrescentou Jank.
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