Em dezembro, os olhos do mundo estarão voltados para Copenhague, onde as lideranças mundiais tentarão estabelecer um novo acordo climático. Na tentativa de reverter o caminho do aquecimento global, a redução na emissão de gases-estufa e a criação de formas de incentivo ao empresariado para conversão a uma economia de baixo carbono estarão entre os principais assuntos. Nesta terça (25), essas e outras questões foram debatidas em São Paulo no Fórum Valor Globo News “Brasil e as Mudanças Climáticas”. O G1 acompanhou o debate, que contou com a presença da ex-ministra, senadora e possível candidata a presidente Marina Silva.Para os representantes do setor produtivo, as questões ambientais devem estar presentes na próxima campanha eleitoral. No entanto, destacam que políticas públicas que orientem o setor e atitudes de preservação do meio ambiente demandam mobilização pública. "O tema será desenvolvido na medida em que houver eco na sociedade", disse Wilson Ferreira Jr., diretor presidente da CPFL Energia.Expectativa - Durante o debate, os empresários avaliaram suas expectativas sobre a reunião de Copenhague. "Esperamos que o Brasil adote o conceito de permanência para suas florestas nativas", afirmou Antonio Maciel Neto, diretor presidente da Suzano, empresa do setor de celulose.De acordo com Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon e membro do Fórum Amazônia Sustentável, antes de tudo o país precisa atualizar seu conhecimento sobre o nível de emissões. "O Brasil precisa fazer um relatório atualizado de suas emissões. Estamos muito atrasados", disse.O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, afirmou que o relatório com dados referentes até 2002 estará pronto antes da reunião de Copenhague. "As grandes fontes de emissão são fáceis de ser identificadas, mas a emissão tem diversas fontes", explicou.Para Veríssimo, a falta de marcos regulatórios na região amazônica acaba por afastar investimentos sustentáveis nos estados da região. "A Amazônia precisa de um choque de economia, da nova economia", afirmou. Resistência interna - A meta brasileira de 70% de redução do desmatamento na região amazônica, segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, é um objetivo ousado que credencia o país a cobrar metas avançadas dos países desenvolvidos. "O Brasil tem tudo para ser protagonista nas questões de redução de emissões e quanto mais protagonismo você tem, mais pode cobrar", disse.No entanto, Minc lembrou que a redução das emissões de carbono enfrentou resistência da sociedade e de setores do próprio governo. "Varios setores do governo resistiam aos planos de redução. Achavam que estávamos numa fase de desenvolvimento que engessava o estabelecimento de metas", disse. "Quando se fala que a sociedade quer 100% de redução de desmatamento não é bem assim. Existem resistências, há pressão de governadores e senadores da Amazônia."Na avaliação de Marina Silva, antecessora de Minc no ministério, "o governo está indo com uma posição bastante genérica (para o encontro de Copenhague) e precisa fazer rapidamente esse debate". Ela acrescentou que deve se filiar ao Partido Verde (PV) neste domingo.
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