terça-feira, 20 de julho de 2010

Exxonmobil continua financiando céticos à mudança climática

A companhia petrolífera americana Exxonmobil violou seu próprio compromisso de não mais financiar grupos céticos sobre os efeitos da ação humana à mudança climática, informa nesta segunda-feira (19) o diário britânico "The Times".

Proprietária da Esso, a empresa contribuiu no ano passado com cerca de 1 milhão de libras (R$ 2,73 milhões) à campanha desses grupos contra a imposição de controles governamentais às emissões de gases do efeito estufa.

Alguns desses grupos foram muito críticos com os cientistas da Universidade de East Anglia (Inglaterra), aos quais acusaram de ter exagerado os perigos do aquecimento global depois da divulgação de e-mails trocados entre esses especialistas. Os e-mails foram roubados por um hacker, em episódio conhecido como "Climagate".

Uma investigação independente livrou neste mês os cientistas de qualquer responsabilidade, mas vários grupos financiados pela Exxon continuaram atacando-os.

O Media Research Centre, por exemplo, que obteve no ano passado 60 mil euros (R$ 138,2 mil) da Exxon, questionou essa investigação e voltou a criticar os cientistas britânicos, qualificando-os de "alarmistas da mudança climática".

Em 2007, a Exxonmobil publicou um relatório intitulado "Corporate Citizenship Report" (Relatório sobre Cidadania Corporativa), no qual se comprometia a deixar de financiar esses grupos.

No ano passado, a empresa voltou a dar garantias de que não tinha patrocinado uma conferência internacional dos céticos à mudança climática, realizada em Nova York.

No entanto, segundo matéria desta segunda-feira do "The Times", uma lista publicada neste mesmo mês pela empresa sobre suas contribuições e investimentos no mundo todo revela claramente que ela forneceu US$ 275 mil (R$ 490 mil) a quatro copatrocinadores daquela reunião, batizada Conferência Internacional sobre a Mudança Climática.

Bob Ward, do Instituto Grantham de Pesquisas sobre a Mudança Climática, da London School of Economics, expõe a contradição entre a promessa e a ação da empresa. "A Exxon se embarcou em uma campanha de relações públicas para convencer o mundo de que deixou de apoiar esses grupos. Mas não é verdade".

Segundo ele, "a Exxon continuou dando apoio financeiro a muitos grupos dedicados a convencer o público e os diversos responsáveis de que a mudança climática é um engano".

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