Certo dia num ônibus, vinha olhando a movimentação da nossa cidade, pensando na vida, sentada numa cadeira próxima à porta. De repente, uma mulher aparentando ter entre 25 e 30 anos, sentada numa cadeira mais alta que a minha, joga o miolo da maçã que comia no piso do ônibus.
Não há como inferir que a maçã estava doce ou azeda, se estava no ponto ou passada; o que posso dizer a respeito de sensações, infelizmente só podem se restringir às minhas: nojo de tamanha porcaria e vergonha de nossa sociedade que não trabalha devidamente noções básicas de educação na infância.
Porém nesse momento senti algo a mais: vontade de não deixar aquele fato, que pode ser até corriqueiro, passar despercebido aos meus olhos. Diria que cinicamente, toquei no ombro dela e disse: "minha senhora, sua maçã caiu no chão". Evidentemente, a maçã tinha sido jogada, como num momento em que descarta-se algo no lixo. Mas, como o piso do ônibus não é lixo e não havia mais muita coisa a ser comida, acredito que a mulher percebeu o que aconteceu ali e ficou segurando a maçã - pelo menos até que eu saísse do transporte.
Em outro dia ensolarado e quente em Feira, uma atitude de um senhor quase me comove de tão rara! Em meio à sujeira miúda, como palitos de picolé e embalagens de bala, havia umas 3 folhas de jornal no piso do corredor do ônibus. Um senhor passando, se incomodou com tamanha sujeira, abaixou-se, pegou as folhas, as amassou, deu passos em direção à pequena lixeira do transporte público e... jogou as folhas de jornal pela janela na Avenida Getúlio Vargas. Ele conseguiu me levar do entusiasmo à decepção em 10 segundos.
E aí? Quantos jornais e maçãs tomam destinos parecidos?
Quantos você descartou?
Por quantos você fez alguma coisa?
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